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Poema sobre o Silêncio da Beleza Traída

Atualizado: 30 de mai.

Created by Sora, ChatGPT
Created by Sora, ChatGPT

Ó tu, outrora gesto santo, chama pura,

Sim, tu Beleza Traída, poema,

Que aos olhos dava luz quando o homem via o Bem,

E não temia nomear o que contemplava —

Estás agora morto, e sem nome sepultado?

Não te matou o vício, nem mão lasciva te feriu,

Mas o gelo da justiça em excesso adornada,

O decoro severo, vestido de perfeição,

Que nem se curva, nem chora, nem ousa admirar.

Ó Beleza, velada — não por tua vergonha, mas pela nossa!

Já não ousamos olhar, para que olhar não pareça usurpar;J

á não ousamos falar, para que a palavra

Não seja ouvida como laço ou artifício vil.

Que mundo é este, em que o assombro é delito,

Onde o louvor deve calar-se,

E o silêncio parece mais justo

Do que a palavra nobre, trêmula de adoração?

Andam como santos — ilesos, irrepreensíveis,

Mas ocos como túmulos jamais nomeados.

Tão limpos estão, que o calor os abandona,

Pois o fogo não habita corações fechados ao arder.

Falei — não para tocar, nem para possuir.

Cantei — como cantam os exilados sob as estrelas.

Não por tua mão, mas pela voz que perdi

Quando a Beleza passou, e ninguém se curvou, ninguém chorou.

Deixa-me agora lamentar —

Não a ti, ó forma passageira,

Mas ao mundo, que se fez orgulhoso demais para sentir

A bondade não-intencionada, o olhar devoto,

A palavra que queima

E não pede resposta.


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